Samara Vieira e Maria Vitória tiveram seu primeiro contato com o Instituto JCA (IJCA) em momentos diferentes, mas as duas trajetórias se conectam. Samara conheceu o Instituto em 2016, aos 14 anos, quando participou do programa Fortalecendo Trajetórias e foi acompanhada durante o ensino médio, entre 2017 e 2019. Maria, por sua vez, conheceu o IJCA através do movimento Tamo Junto 9º Ano. Em 2017, também aos 14 anos, participou do programa Fortalecendo Trajetórias, que contempla reforço escolar, preparatório para colégios de qualidade do ensino médio e acompanhamento social e pedagógico durante essa etapa.
Com o apoio do preparatório, Maria foi aprovada no Colégio Pedro II e IFRJ. Optou pelo IFRJ, onde cursou o ensino médio integrado ao técnico em Química. Em 2023, foi convidada para ser monitora do programa Fortalecendo Trajetórias e, no mesmo ano, ingressou em Química Industrial na UFF.
Samara ingressou na universidade em 2022, no curso de Serviço Social na UFF. Sua vivência acadêmica e coletiva a fortaleceu para compartilhar experiências com outros estudantes. Há dois anos, foi convidada para integrar a equipe de disseminação do Guia de Acesso e Permanência nas Universidades e, atualmente, em 2025, Samara e Maria atuam juntas como disseminadoras, buscando democratizar informações para estudantes que desejam ingressar no Ensino Superior.
O Guia de Acesso e Permanência nas Universidades é um material digital disponibilizado gratuitamente no site do Instituto JCA, reunindo informações sobre os possíveis caminhos de ingresso no ensino superior, além de apresentar a política de assistência estudantil e outras iniciativas que visam auxiliar na permanência dos estudantes com condições financeiras defasadas. Para disseminar esse material e os pontos mais relevantes de seu conteúdo, visitamos escolas e outras instituições de ensino oferecendo oficinas, que incluem apresentação em slides, esclarecimento de dúvidas e dinâmicas interativas.
Esse projeto tem sua importância reafirmada frequentemente, pois, ao visitarmos as instituições de ensino, temos a oportunidade de avaliar o nível de conhecimento sobre os temas abordados, além de visualizar um panorama prático do percentual de participação dos alunos de diferentes territórios e realidades nos vestibulares. De modo mais abrangente, constatamos que sabem pouquíssimo sobre o funcionamento de processos básicos como SISU, PROUNI e FIES, chegando até a questionar, por exemplo, se é preciso pagar algum valor para estudar na UFF, instituição pública de ensino.
Essa realidade escancara a defasagem no alcance de conhecimentos fundamentais para alcançar o ensino superior. Quem tem facilidade costuma ser justamente quem possui condições de estudar em escolas com maior investimento e incentivo, geralmente, marcadas por uma cultura de competitividade mercantil voltada às aprovações nos vestibulares. É nesse contexto que o Guia e o nosso trabalho de disseminação se tornam essenciais, democratizando o acesso ao conhecimento para estudantes de territórios precarizados, cujas trajetórias são atravessadas pela desigualdade e pela escassez de oportunidades.
Além disso, o contato com os estudantes é fundamental também para a nossa própria trajetória, por serem eles que dão sentido ao nosso trabalho e nos mostram, na prática, o impacto que geramos na vida deles. Essa troca nos permite conhecer novas realidades e experiências, ao mesmo tempo em que aprendemos enquanto compartilhamos. O Guia, que surgiu para auxiliar e direcionar estudantes para o ensino superior, também nos direciona na construção das nossas próprias caminhadas e amplia nossa capacidade de impactar positivamente outras pessoas.
Esse processo de escuta e diálogo nos lembra constantemente da responsabilidade social que carregamos e da importância de mantermos o Guia vivo, atualizado e próximo das necessidades reais. Cada estudante com quem conversamos nos mostra que o acesso e a permanência no ensino superior não são somente metas individuais, mas também vitórias coletivas. Assim, reafirmamos que a educação é um caminho de transformação social e que nosso trabalho só faz sentido quando está conectado com quem dele se beneficia. Portanto, mais do que orientar, o contato com os estudantes nos inspira, nos desafia e nos impulsiona a seguir aprimorando nossas práticas, construindo essa trajetória conjuntamente.
