A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) tem atraído cada vez mais jovens que buscam concluir o ensino médio já preparados para o mercado de trabalho. Segundo dados do Censo Escolar 2024, o número de matrículas na EPT cresceu 17,2% entre 2022 e 2024, alcançando 2,5 milhões de estudantes. Esse avanço reflete o reconhecimento da importância do ensino técnico, mas esbarra em um desafio: apesar do crescimento, ainda são muitos os jovens que encontram barreiras para acessar essa oportunidade.
O estudo “Democratização da EPT no Brasil”, do Itaú Educação e Trabalho, mostra que, embora a oferta de cursos seja equilibrada entre diferentes perfis, questões socioeconômicas ainda dificultam o acesso e a permanência dos estudantes mais vulneráveis. A distância entre as escolas, os custos com transporte e a necessidade de conciliar os estudos com o trabalho são obstáculos comuns, especialmente em regiões onde a oferta de cursos técnicos é mais limitada.
Para ampliar essas oportunidades, iniciativas como o Partiu IF e o Fortalecendo Trajetórias vêm ganhando espaço. O Partiu IF, lançado em março deste ano, é um programa de âmbito nacional voltado para alunos da rede pública em situação de vulnerabilidade social. Ele oferece reforço em disciplinas como português, matemática e ciências da natureza, ajudando os estudantes a se prepararem para os processos seletivos de instituições técnicas federais.
Maíra Carrera, coordenadora de Extensão e coordenadora pedagógica local do Partiu IF no IFRJ Campus São Gonçalo, reforça a importância do programa. Para ela, o Partiu IF é mais do que um cursinho preparatório: é um projeto que mobiliza sonhos, constrói pontes e reafirma o compromisso da educação pública com a justiça social. Ao longo da implementação, ela destaca aprendizados importantes, como a necessidade de uma gestão democrática, sensível às realidades dos estudantes, e a força das parcerias institucionais para garantir que o programa chegue a quem mais precisa. “Aprendemos a nos comunicar melhor com a população, fortalecendo o papel dos Institutos Federais enquanto espaços de ensino, pesquisa e extensão comprometidos com a transformação social”, conta.
Fortalecendo trajetórias por meio da educação
Há 20 anos o programa Fortalecendo Trajetórias, por sua vez, oferece um acompanhamento contínuo aos adolescentes, indo além da preparação para o ingresso em instituições de ensino. Dividido em duas fases – o Reforço Escolar e o Acompanhamento Social e Pedagógico – seu objetivo é também apoiar os estudantes nos desafios acadêmicos e sociais ao longo de toda a jornada educacional.
Segundo Kenia Costa, analista de projetos sociais do Instituto JCA, o impacto do programa ultrapassa os limites da sala de aula: “Quando um jovem acessa uma oportunidade como essa, transforma não apenas a própria vida, mas também inspira mudanças em toda a sua comunidade. É um movimento coletivo de desenvolvimento e pertencimento”, afirma.
Com o propósito de ampliar oportunidades, o programa inicia um novo ciclo de inscrições em abril de 2025. Em 2024, dos 67 jovens acompanhados na segunda fase, 70% estavam matriculados em escolas técnicas — um resultado que evidencia o impacto positivo da iniciativa e o comprometimento dos adolescentes nos processos seletivos. A expectativa é seguir ampliando o acesso a instituições de educação profissional e tecnológica. “Esperamos que mais adolescentes se inscrevam, que mais pessoas participem do curso e que, futuramente, mais jovens ingressem em escolas de qualidade”, conclui Kenia.
