Desde o início da pandemia do novo cornavírus, a incerteza passou a fazer parte do cotidiano. Para os profissionais da Educação, esse cenário vem carregado de desafios dentro e fora da sala de aula. Ao acompanhar esse contexto e por acreditar do poder do diálogo, o Instituto JCA vem facilitando encontros virtuais com educadores, proporcionando um ambiente de troca, aprendizado e apoio mútuo em um momento tão delicado.
O objetivo central que motivou o instituto foi o de dialogar com educadores para estimular compartilhamento das ações realizadas por cada um deles, olhando para o que será possível empreender em conjunto para a construção de um planejamento colaborativo. “Já existia uma relação de proximidade com alguns educadores devido às ações que realizamos em parceria nos territórios. Fomos procurados por diretoras perguntando que estávamos planejando e vimos ali uma oportunidade de criar esse espaço para troca, escuta ativa sobre como escolas e profissionais estão lidando com esse momento. Nosso papel é de articular e facilitar essas conversas e, principalmente, aprender com quem está na ponta do processo, lidando diariamente com os jovens, nosso foco de atuação”, explica Maysa Gil, coordenadora executiva do IJCA.
O primeiro encontro foi realizado em 8 de julho e contou com a participação de educadores da rede pública e equipe do IJCA. O grupo conversou sobre a situação das escolas e do relacionamento com os alunos e as ações e boas práticas que cada um estava adotando para lidar com esse novo cenário educacional. Cíntia Barboza, professora e diretora adjunta no Colégio Estadual Professora Antonieta Palmeira, em São Gonçalo, conta que ao receber o convite para participar do encontro, não sabia ao certo como seria sua participação, uma vez que se encontrava um momento de maior dificuldade desde o início do ensino remoto. No entanto, ao decorrer da conversa, ficou evidente que os desafios eram comuns. “Tivemos ali um momento de muita empatia e conseguimos, baseado em todas as experiências dos profissionais presentes, ouvindo de que forma o instituto estava desenvolvendo suas atividades, alinhar nossos pensamentos e traçar algumas metas para repaginar nossas atividades remotas, deixando-as mais atrativas a todos os envolvidos”, afirma.
Já no segundo encontro, realizado em 21 de julho, os educadores conversaram sobre as mudanças que haviam feito em suas práticas e alguns dos resultados colhidos. Nesta reunião, participaram representantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), dos campi Niterói e São Gonçalo. Eles falaram sobre as ações do IFRJ e em como estão as discussões sobre o ensino remoto na instituição.
Gleyce Figueiredo de Lima, assistente social e atualmente Diretora de Pesquisa, Extensão e Assistência Estudantil do IFRJ/Campus São Gonçalo, destaca como o principal ponto em comum que aproxima todos é a vivência na escola pública. “As escolas públicas partem da realidade social vivida pelos estudantes, estes, são, em sua quase totalidade, de famílias de trabalhadores simples, de contextos periféricos para os quais a escola pública desempenha funções muito importantes: é o lugar de aprender, da socialização, de alimentar-se e de partilhar afetos. Uma instituição faz pouco sozinha, é preciso ouvir com atenção, aprender com as experiências e formarmos uma rede de colaboração para o enorme desafio que está diante de nós”, afirma.
Gleyce ressalta que após quase cinco meses de afastamento das atividades escolares presenciais, associada à crise econômica (que já estava em curso) ampliada pela situação da pandemia, será inevitável a manutenção e ampliação de desigualdades educacionais. “É preciso assegurar o preceito constitucional da universalidade de acesso e permanência na escola. O diálogo entre as escolas com ênfase ao modo que cada uma vem enfrentando essas dificuldades pode nos fortalecer para garantir o direito à educação”, reforça.
Para Cintia, os encontros reforçaram a necessidade de repensar o nosso cenário educacional com pessoas que estão diretamente envolvidas com ele. “Após esses dois encontros foi possível entender, que independente da esfera em que nos encontramos, municipal, estadual ou federal, independente do que se tem de investimento ou não, temos as mesmas dificuldades e necessidades. Mas como educadores não podemos nos eximir da nossa responsabilidade esperando que algo mágico aconteça e todos os problemas se resolvam. Dentro das nossas condições é preciso criar um espaço adequado e propício a quem é o ponto mais importante desse processo e o real motivo dele continuar existindo, o aluno”, finaliza.