Via O Globo
Aulas complementares de português e matemática para adolescentes de baixa renda do 9º ano do ciclo fundamental prepararam para processos de seleção em instituições renomadas.
NITERÓI — Fundado em 2004 no Baldeador com o objetivo de contribuir para a inserção de jovens de baixa renda em espaços profissionais, no primeiro emprego e na formação superior, em 2007 o Instituto Jelson da Costa Antunes (IJCA) passou a oferecer aulas de reforço escolar para adolescentes do 9º ano do ensino fundamental, com o intuito de prepará-los para uma vaga no ensino médio em escolas renomadas. Atualmente, cerca de 130 alunos recebem aulas complementares de português e matemática , separados em dois turnos. E os resultados são animadores: nos últimos três anos, pelo menos 50% dos jovens capacitados no preparatório ingressaram em escolas públicas federais e estaduais, como o Pedro II e o CAP-UFRJ, além de instituições privadas, com mensalidades custeadas pelo programa.
O reforço escolar faz parte do projeto Fortalecendo Trajetórias , que também subsidia e apoia o intercâmbio com as escolas estaduais Matemático Joaquim Gomes de Sousa (Brasil-China) e a Governador Leonel de Moura Brizola (Brasil-França). Nos últimos dois anos, três alunos do programa foram para a China e um para a França. Após o ingresso no ensino médio, o programa acompanha a formação dos jovens até a universidade. Segundo o IJCA, desde 2005, 77% dos alunos que concluíram o ensino médio foram aprovados no vestibular e 100% dos que estudaram em escolas públicas ingressaram na universidade.
Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Histórico escolar
O programa conta com as parcerias das secretarias municipais de Educação de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, dos colégios Pensi (Niterói) e Santa Mônica (São Gonçalo), de escolas da rede pública de ensino e de conselhos de alunos e ex-alunos. Therezinha Doin, coordenadora pedagógica do IJCA, diz que a seleção dos jovens que integram o programa é feita por meio do histórico escolar, mas outros aspectos também são avaliados:
— Os alunos chegam, muitas vezes, indicados pelas escolas. As coordenadoras apresentam o histórico escolar, e as famílias preenchem uma avaliação socioeconômica. A coordenadora da escola precisa dizer por que o aluno deve fazer o reforço. E isso é determinante, já que há jovens que têm o rendimento muito bom numa disciplina, mas em outra não vão tão bem. A capacidade e o comprometimento também são considerados.
Therezinha explica ainda que estudantes incapazes de lidar com diferenças não são aceitos:
— Tivemos o caso de um jovem que tinha excelentes notas, mas era muito preconceituoso. Isso foi determinante (para não admiti-lo), porque buscamos contribuir para formá-los como cidadãos.
Desde a sua fundação, o IJCA já ajudou na formação de mais de três mil jovens de baixa renda e contabiliza um investimento superior a R$ 20 milhões, sendo R$ 2,5 milhões apenas nos últimos três anos.