“Esse projeto tem um olhar na periferia, de resgatar, apoiar, de dar visibilidade para artistas independentes e mostrar que tem empreendedorismo na aqui”. Foi assim que a aluna Ymanny Aymeê, 19 anos, resumiu o projeto Gira Empreendedorismo e Autogestão, que finalizou suas atividades em 26 de outubro com um sarau e apresentações de negócios. Ymanny, junto com as irmãs Yara Aynara, 17, e Ylanny Evelyn, 13 anos, formam o coletivo artístico “Agbara Crew SP”, que com música e dança expressam suas experiências na zona norte de São Paulo. O projeto teve patrocínio da Viação Cometa via Proac-SP, parceria estratégica do IJCA e produção e realização da Banca e Aymberê Produções Artísticas.
O “Agbara Crew SP” foi criado a partir de suas vivências enquanto jovens pretas e periféricas que buscavam empoderar outras jovens: “A gente canta, dança e fala sobre empoderamento da menina e da mulher negra. Acreditamos que as pessoas pretas da periferia precisam de uma referência de grupos e artistas do seu território”, pontua Ymanny.
Para elas, a formação foi um grande passo para ampliar suas perspectivas e começar a empreender. “O projeto do Gira foi muito importante para ensinar como escrever o projeto, como chegar até o contratante. Aprender sobre essa parte burocrática foi essencial, então ajudou muito, é um outro olhar que a gente tem agora”, afirmou.
Fazer artístico e empreendedorismo
Dentre artistas e coletivos, a culminância contou com 25 apresentações de produtos e serviços ofertados pelos empreendedores criativos. “Para nós, foi uma grande satisfação desenvolver o projeto, conhecer primeiramente essas pessoas e colaborar para que elas se vissem como potência, se reconhecessem como pessoas que são empreendedoras e que podem, sim, viver do seu sonho. E esse viver do seu sonho pode causar transformação de dentro pra fora, ou seja, da sua comunidade para o mundo. Contratando as pessoas, gerando renda, pensando na cadeia de produção dos seus produtos, e dos seus serviços”, afirmou o DJ Bola, um dos fundadores da A Banca.
A formação do Gira teve início em julho, se desdobrando em três etapas de execução. Na primeira, com o Seminário Cultura, Música e Empreendedorismo, o qual reuniu mais de 80 jovens artistas, coletivos culturais e empreendedores em um espaço de aprendizado e colaboração com discussões sobre Negócios Culturais de Periferia. A segunda etapa, em caráter seletivo, promoveu a 30 artistas e coletivos a participação em uma formação focada em Economia Criativa, com pautas sobre empreendedorismo cultural e arte periférica, além de um apoio financeiro no valor de R$1.600 (mil e seiscentos reais). Finalizando, a terceira etapa contou com o sarau e apresentação de negócios dos artistas empreendedores.